terça-feira, 1 de janeiro de 2013

COMENTÁRIO SOBRE OS SEMINÁRIOS - 17/12/12

Na última aula do componente Abordagens autobiográficas foram realizados seminários centrados em discussões acerca das histórias de vida e os estudos auto-biográficos como metodologia em diferentes abordagens de investigação científica no campo da educação, na concepção de vários estudiosos desta temática.
A história de vida possibilita o sujeito voltar ao passado, trazê-lo para o agora de forma mais clara (re)experimentá-lo, ressignificando momentos negativos ou positivos de sua vida que de algum modo contribuíram para sua formação pessoal ou profissional. Para que seja possível uma compreensão maior da formação do sujeito, este método vem sendo usado em memoriais acadêmicos ou de formação e desta forma buscando o seu reconhecimento. Conforme Souza (2008, p. 44)
Apropriar-se e pensar a formação, focadas nos memoriais, configura-se como fator preponderante para o entendimento das trajetórias formativas, uma vez que abordam dimensões pessoal e profissional da vida do sujeito, compreendendo as influências referentes às escolhas que são feitas no decorrer da vida. Só assim, analisando o percurso, no sentido de desvendar o profissional que nos habita, e que desejamos ser, é possível conhecer a própria historicidade e dar sentido às experiências vividas, ressignificando conhecimentos e aprendizagens experienciais.
Na visão de Josso (2007) a narração das experiências traz o sujeito como autor e ator do que aprendeu, sua forma de tomar decisões, seus interesses, seus valores e seus anseios.
A relevância deste método se traduz na centralidade do sujeito no processo de formação, evidenciando a sua subjetividade e singularidade.   Seus questionamentos contribuem para uma aprendizagem reflexiva acerca do seu projeto de vida pessoal e profissional.

REFERÊNCIAS:

SOUZA, Elizeu Clementino. (Auto)Biografia, Identidades e Alteridade: Modos de Narração, Escritas de si e Práticas de Formação na Pós-graduação. Ano 2, Volume 4 – p. 37-50 – jul-dez de 2008.


JOSSO, Marie-Christine. A transformação de si a partir da narração de histórias de vida. Porto Alegre/RS, ano XXX, n. 3 (63), p. 413-438, set./dez. 2007.

AS NARRAÇÕES CENTRADAS SOBRE A FORMAÇÃO DURANTE A VIDA COMO DESVELAMENTO DAS FORMAS E SENTIDOS MÚLTIPLOS DE UMA EXISTENCIALIDADE SINGULAR-PLURAL


Na concepção da socióloga e antropóloga Marie-Christine Josso o propósito da formação é visto por meio do projeto de formação, ele possibilita o acesso a questões significantes vivenciadas pelo sujeito na sua vida profissional, dessa forma estes indivíduos se tornam porta-vozes das dificuldades evidenciadas e questionadas pelo grupo.
Ela comenta que a partir de uma reflexão sobre as experiências que acontecem sem interrupção ou quando há um rompimento e estas se apresentam sobre a forma da narratização desse processo, torna possível uma conscientização a respeito das mudanças sociais e culturais, permitindo desse modo poder relacionar essas transformações com o desenvolvimento pessoal e social. Conforme Josso (2008, p. 18) “As subjetividades expressas são, assim, confrontadas com as suas freqüentes inadequações a uma compreensão libertadora da criatividade em nossos contextos em mutação”. Tanto as atividades relacionadas as subjetividades individuais e coletivas, quanto o exercício de vida em particular, segundo Josso (2008, p.18) ocupam o primeiro lugar da formação geral.
Referente as questões identitárias, ela afirma que ao trabalhá-las, através de uma observação minuciosa e da explicação do sentido das narrativas de vida registradas, torna possível compreender prontamente a pluralidade, a debilitação e as alterações de nossas identidades no decorrer da vida. De acordo Josso (2008. p.19)
(...) a tomada de consciência de que a questão identitária deve ser concebida como um processo permanente de identificação-diferenciação e de definição de si através de nossas identidades evolutivas, como emergências sócio-culturais visíveis da existencialidade.
A autora relata que a partir do momento que o sujeito passa a se conhecer, por meio das modificações do seu eu, envolvendo o seu contexto de vida, dos momentos pessoais e sociais que considera significativos para sua formação, ele reconhece a construção de sua identidade como o ponto de partida para a sua existencialidade com a união de elementos de natureza distintas.
Na visão e Marie-Christine Josso, quando o sujeito tem como base as experiências vivenciadas para a construção do seu eu, ele colabora com a abordagem globalizante e dinâmica da construção de si, possibilitando uma escuta sensível do que se revela no agora. Ela esclarece que o existir depende de uma interligação de múltiplos seres presentes na nossa formação. O ser de carne é o sustentáculo para outras dimensões como: o ser de atenção e consciente, o ser de emoções, o ser de afetividade, o ser de cognição, o ser de imaginação e o ser de ação.

REFERÊNCIA:

JOSSO, Marie-Christine. As narrações centradas sobre a formação durante a vida como desvelamento das formas e sentidos múltiplos de uma existencialidade singular-plural. Revista FAEEBA – Educação e Contemporaneidade. Salvador, v. 17, n. 29. p. 17-30, jan./jun. 2008.